Alfabetizar é muito mais do que apenas mostrar letrinhas para as crianças. A alfabetização é um processo complexo, multifacetado e sistematizado que requer uma série de habilidades e pré-requisitos para acontecer de maneira efetiva.
Diferente da linguagem oral – que é aprendida naturalmente -, a aprendizagem da leitura e da escrita demanda instrução educacional direcionada. Isso porque a escrita é uma convenção desenvolvida pelo homem, e o nosso cérebro não é originalmente programado para processar essa forma de linguagem.
Aprender a ler é resultado de um percurso que inclui uma série de diferentes momentos de aprendizado, que não podem acontecer ao mesmo tempo, precisam ser ensinados em sequência, de forma lúdica e com propósito.
A criança começa aprendendo formas, nomes e sons. Depois, inicia-se o processo de alfabetização em si, quando ela conhece o princípio alfabético, o som e a grafia de cada letra e aprende a escrever o que ouve e a ler o que está escrito. Em seguida, aprende a decodificar os sons e a ler palavras. E só depois, quando as competências de decodificação estão integradas e automatizadas, é que ela adquire fluência leitora e é capaz de ler sem dar grandes pausas para poder decifrar o que está escrito e nem retroceder a palavra já lida para corrigir algum erro cometido.
Já a compreensão começa no berço, com a leitura feita pelos pais e dura a vida inteira. Ler para aprender depende da nossa capacidade de aprender e de compreender e está relacionada com inteligência, esforço, linguagem, domínio do vocabulário, domínio de técnicas de compreensão e da orientação de educadores competentes.
Portanto, o objetivo da alfabetização é ensinar a criança a utilizar o sistema alfabético de forma funcional e, além de decodificar palavras e ‘aprender a ler’, é preciso conduzi-la a ‘ler para aprender’, ou seja, construir conhecimento através da leitura.
Nós, enquanto educadores e terapeutas, temos papel fundamental nesse processo e precisamos estar atentos e atualizados para atuar com excelência com práticas baseadas em evidências neurocientíficas. Afinal, alfabetizar-se é uma das capacidades mais importantes e determinantes na vida das crianças e um dos objetivos mais desejados a serem alcançados no âmbito escolar. O reflexo de um processo de alfabetização incompleto e insuficiente irá perdurar para a vida toda do estudante e cabe a nós minimizarmos esse risco.
Ninguém nasce leitor. Aprendemos a ler e a gostar de ler se as nossas aprendizagens e experiências o permitirem. É um processo que leva tempo e que requer esforço e disponibilidade. A única forma de desenvolver é através da prática. Aprende-se a ler, lendo!
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